25 de fev. de 2011

De lá por diante

De repente
O intenso se doou ao acaso
Sem meio ou inteiro
Daqueles que vão por vir
Ou foi com o decorrer do tempo?
- Não sei, não me lembro


Entregou-se aos poucos após resistir
à tudo que podia

- Mas deixe-me explicar
Naquela manhã, quando o meu chão tremeu,
A mão daqui não teve a sua para segurar
De lá por diante
Partiu-se novamente o que era um
em dois

Mais do mesmo, menos de si
Regressões e exageros
O progresso? Eu não vi

Se é certo? Injusto?
Não julgo, não condeno
Mas pondero, receio
Do preço?
Do valor?
Obrigada, estou sabendo...
Se é amor?
Se é só apreço?
Hoje não há conceitos para avaliar essa situação
Desculpe,
devo ter deixado cair em algum lugar...
Ou está num bolso de alguma calça jeans velha e desbotada
Pode ser que encontre amanhã, mas hoje não

Se é forte?
O suficiente para ainda existir...

Valorize
Pelo menos enquanto estiver por aqui

Me ensinaram que 'partir'
é uma vez só.

22 de fev. de 2011

Um assunto particular

Perder-se seria injusto. Tentar evitar, inevitável. Mutações transitórias transformam-me no que eu nem conheço
Essa força? Abalada Esse gosto? Amargo.
Essa vontade?Esquecida. Essa menina? Confusa
Mais da mesma em si só
Sozinha. Tranquila. Em seu quarto
Lê livros, fala de idéias. Gosta de música. Sente medos, ahh os infindáveis medos
Pinta a cara, pinta as unhas,
Pinta a saudade como uma flor amarela
Molda num quadro esculpido à lágrimas
Sem contar do que nem comenta
Trancada. Guardada. Escondida. De si mesma. De ninguém
Como quem levanta um muro em forma de proteção
Das palavras faz histórias e fantasia os personagens
Prosas escapam e fé transborda

É o que guia sua cabeça
e faz sua sombra frente ao Sol

15 de fev. de 2011

Estranho estado

'Saudade que me mata sem me assassinar
O pensamento, tolo, insiste na fuga girando em círculos
Fugir pra quê? Fugir pra onde?
Inútil ato de achar
Inútil ato de fingir
Estranho estado a se encontrar
Espera infindável transcreve poesias
Transformando as cores
em travessas vazias


Estado calado, vazio, quebrado.
Soma sem resultado, mente vazia e corpo pelado.
Me encontro ao meio dividida em partes
Ausência de sons, de gostos, de gestos.
Silencio eloquente, resposta precisa.
Tempo coerente, insensato, indecente.
Eira que me beira sem me desaprumar'

11 de fev. de 2011

Diálogo de idéias

Quando se perde o sentido, o foco, a luz
Quando o chão desaparece, desilude, desespera! Também se perde o brilho, as cores desbotam, o incrivel normaliza... O que era livre se torna imposto. O sentimento vira quase uma obrigação. O trabalho é um porre, a casa não te cabe, seu sonho despedaça.
A admiração cai, a paciência brinca de esconde-esconde.
De grãos surgem montanhas, detalhes viram histórias sem desfecho e de enredo fora de órbita.
Essa sou hoje,
de princípios contrariados por eu mesma e por quem me rodeia.
Sou eu de ponta-cabeça alinhando pensamentos sei eira nem beira.
Para onde foram todos?
Todos os sorrisos, todas as brincadeiras de criança, todas as risadas sinceras?
Por que fugiram?
Voltem aqui!
Ou será que foram esquecidos em algum lugar do tempo?
Ou ainda deixados em um banco de ônibus, balcão de padaria?
Quem sabe...
Inconstância revoltada pronta para puxar o gatilho e disparar sem pensar!
Coração é aquele idiota que amolece em horas sempre erradas.
E a confusão começa com a gritaria das idéias falidas dentro da cabeça:
- "Quem é você?" - "Somos iguais, ou ao menos parecidos." - "Em que poderiamos parecer?" - "Um abraço? Desculpe..." - "Onde esteve, por que não veio antes?" - "Me deixe um pouco sozinha..." - "Não saia de perto de mim" - "Fuja rápido, meus rancores querem te matar!" - "Apenas saia daqui, e não volte mais..."
Ponto de vista?
Tudo é mesmo uma questão de ponto de vista?
Que ponto?
Que vista?
A vista da janela do meu quarto, ou a vista presa na memória de criança?
A memória que é guardada, e que poucos sabem que ainda existe, está quebrada, estragou, deu defeito,
e já não me serve de nada!
Onde devo guardá-la, senhor? Jogar fora? Impossível, lamento.
Guardar no meu coração? Aah, ora, por favor, não me fale desse idiota novamente!
Sinto que para muitos minhas palavras soam apenas como sons quaisquer jogados no ar. Ou ainda apenas rabiscos numa folha de papel.
Que seja.
Às vezes acho que não sei mais escrever, que não sei mais escutar.
Por que você haveria de entender?
Meu dom foge de mim as vezes... Ou eu que esqueço qual a hora que devo parar.
Se te encarar olho no olho doeu? Sim, doeu.
Se doí? Sim, dói!
E sabemos das dores que ainda podem vir.
Lembro da hora que um sorriso discreto escapou dos meus lábios.
Corri atrás até pegá-lo e colocá-lo de castigo!
- Fique aí trancado! E só saia para jantar!
Um especialista, um médico! Corram!
Ela precisa de ajuda...
- Socorro!!!!
(e minhas idéias continuam a gritar)